sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pra onde vai o sentimento?

Porque você pediu pra eu olhar nos seus olhos e dizer que não gostava mais de você? Porque ficou me dizendo aquelas coisas todas e me olhando com uma cara de acredita em mim que dessa vez vai dá certo? Porque fez questão de andar de mãos dadas no meio da rua? Porque disse que gostava de mim e que sentia saudade? Porque sumiu depois e veio com aquela história de eu só quero o seu bem e tenho um carinho enorme por você? Pra onde foi o sentimento? O que você fez com o seu? Deu descarga? O que eu faço com o meu?
E quando eu me sentia desesperada, esperando alguém que nunca ligava e nunca dava sinal de vida, eu te procurava e você me ligava, e eu tentava procurar sozinha uma solução no meio das suas palavras. Em tudo que você dizia eu via esperança. Pedia desculpas as minhas razões e dava lugar só pra emoção, sorria e chorava lembrando e me perguntando pro resto do mundo, onde foi parar o sentimento? Porque você ficou frio e sumiu e esqueceu e secou e matou e deletou e resolveu e foi? E você me dizia que só estava vivendo e fazendo suas coisas e negava seu sumiço. E eu me sentia uma idiota, uma louca e era assim que você me chamava. Então pra não parecer louca para as outras pessoas, respirava disfarces, disfarçava mentiras, escondia verdades.  
A gente se dava tão bem e sempre nos demos. E eu estava sim gostando de você, mas quando você percebeu isso, correu pra levantar a bandeira do: “Se fudeu trouxa, sentimentos não existem.” Justo você que eu escolhi pra fugir comigo das aulas chatas e rir dos professores imbecis e dos colegas idiotas e das coisas tolas da vida. E você me chamava de linda o tempo todo e eu era a sua boneca, a sua princesa, era sua. E então só pra me arrancar dos meus sonhos encantados e mais uma vez provar que ninguém dá mais certo com ninguém nesse mundo. Pra fazer parte da merda universal de toda a bosta da vida, você se bandeou pro lado do impossível e se foi e me deixou como louca. Me fazendo perguntar porque você era assim e porque tinha mudado tanto? E você me dizia que era o mesmo, estava normal e que tinha um carinho enorme por mim. E isso era muito cruel, ainda que parecesse tão normal, porque normal não servia, não encaixava, não acalmava.
E tudo ficava cada vez mais feio, até você que é lindo, ficou feio. E eu quis me fazer cortes. Porque viver é difícil demais. E todo mundo vivendo e fazendo suas coisas e daqui a pouco eu vivendo e fazendo minhas coisas. E no fundo abafado, dolorido, retraído, medicado, esquecido, esmagado. E eu sempre quis te perguntar, pra onde foi o sentimento? Pra onde ele vai? Onde ele está? Onde ele deixou de nascer? Onde ele morreu sem ser? Portanto eu sigo fazendo de contas que não sei. As pessoas seguem fazendo de conta que não sabem. E ninguém responde.
E você vai vivendo, jogando seu futebol com aquele time que todos tem um apelido bizarro, amando ver o futebol das quartas e torcendo pro seu time ganhar e ficando nervoso a cada vez que perde. E segue indo para a noitada com seus amigos e bebendo todas e olhando outras e beijando outras que não te servem, não te encaixam, não te completam, não te ama e te esquecem na outra semana. E o que você fez com o sentimento? E esses amigos todos e essas pessoas todas que te vêem e te cercam e você quer que te vejam como um homem, um homem humilde de coração maleável que se importa com as dores do mundo. E a minha dor? O que era pra eu ter feito com ela? Dado descarga junto com seu sentimento? E o que você sentia? E o que eu sentia? Era pra ter colocado na série c do campeonato, junto com aqueles times sem importâncias do futebol? Ou era pra eu ter remarcado o sentimento pra ele aparecer naquela balada que você só vai curtir daqui uns meses porque o dinheiro desse mês não deu.  Ou eu podia ter deletado o sentimento do Orkut, bloqueado no MSN. O que você queria que tivesse sido feito?
O que você fez com o pouco que virou nada? Com o muito que poderia virar? Eu aleijada, engessada, roxa, quebrada, magoada, ferida, estou aqui tentando entender, esperando um dia você me responder, o que eu devia ter feito? Me conta pra eu saber como fazer com esse restinho que sobrou. Por favor me ensina, vou fazer o mesmo com o meu. Vou mandar junto com o seu, pra longe, explodido. De pé seguimos pra nunca saber, nunca responder, pra nunca entender.
E eu feito louca porque não se podia sentir, porque sentir sozinha era solidão demais, porque não se podia sentir tudo tão intenso. Que tempo era esse quando o sentimento se apresentava tão mais forte e sábio que as regras de proteção?
 E agora nada e você nada e tudo nada. Eu mandei meu sentimento pro mundo do nada junto com a dor e a alegria que um dia você me proporcionou.  O sentimento pro mundo do nada, pra longe, pra terra do nunca. Eu preferia ser quem te esperava no fim do dia pra entender seus problemas, pra ouvir suas loucuras. Eu preferia ser quem te esperava na outra linha pra dar boa noite, pra dizer que ta com saudades. Eu preferia ser a louca que mesmo de longe te queria perto, que mesmo com mil aulas pra assistir, mil trabalhos e provas, tinha tempo pra te ouvir, enquanto o mundo ria e fazia suas coisas. Do que ser quem se tranca pra se esconder dos sentimentos, do que ser quem nega as vontades e desejos, pra não sentir, não fazer, não agir, não amar e finalmente não ser.

Um comentário:

  1. " Para fazer parte da merda universal de toda a bosta da vida."


    Faço das suas as minhas palavras.

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