terça-feira, 31 de agosto de 2010

Contradizendo o dito veredito

Ela já não sentia confusa. Ela era confusa porque ele a deixava assim. Ela já tinha superado aquela fase desesperadora de estar sem ele. Ela já não morria mais de saudade. Ela havia mudado. E não procurava mais ele, não ligava mais pra ele e nem por ele. Não esperava mais ele e já não sentia mais sua falta. Deixou de freqüentar os mesmos lugares e até deixou se envolver por outros “alguéns”. Reparou a beleza das flores que estavam no seu trajeto diário e o pôr do sol que insistia em chamar sua atenção todos os dias e ela distraída e ocupada demais pensando nele, não percebia. Vez ou outra ela ainda pensava nele, porém havia se acostumado com a falta dele e não lamentava mais por isso. Na verdade tudo que ela queria era entender as atitudes dele. Estava disposta a pagar um preço bem alto só para entendê-lo. Mas, assim como todas as outras vezes que tinha vontade de conversar sobre qualquer coisa com ele, esperou sentada e a vontade passou. Passou não, a vontade hora se escondia, hora aparecia e então um belo dia já não era mais o centro das atenções. Até que se escondeu, sem deixar nenhum rastro. Mas ela não havia passado, apenas se escondido. Correndo o risco de voltar a qualquer hora. E assim aconteceu.
Certa vez, ela dormiu lendo as mensagens dele pra ela no celular. Curiosamente acordou com uma mensagem dele pra ela, após meses sem receber uma mensagem dele. Tenho certeza que por alguns instantes daquela madrugada eles estiveram conectados por uma coisa chamada: telepatia. Coisa essa também chamada: coincidência. Estranho foi ela dormir lendo suas mensagens antigas, pensando em mandar uma mensagem pra ele. E acordar sem ter mandado nada, com uma mensagem dele. (Confuso, não?) Naquela noite ela tinha sido tomada por uma coisa chamada: deslize de atitude. Às vezes acontece. Havia um tempo que não dormia mais pensando nele como naquela estranha noite. Mesmo assim, ela continuava disposta a seguir firme no seu novo modo de agir, pensar e sentir. O novo modo era: Viver por ela, só por ela e mais ninguém. Num tempo chamado: presente. E não pensar em como poderia estar se tivesse sido o contrário. Voltando a mensagem. No simples modo dele se expressar, ela entendeu que aquele “Bom dia”, queria dizer: saudade. Sem entender muito, ela respondeu com um “Boa tarde”, que queria dizer: confusa.
Boba como toda mulher aceitou ser enganada numa boa, mais uma vez. Porque ela sabia que essa historinha de mensagem de “bom dia”, estava estranha por demais. Mas ela não quis saber, muito menos analisar. Sem pensar em como poderia sair tudo errado, mais uma vez, deixou se iludir. Tudo isso por causa de uma coisa que acontecia com ele chamado: abandono. De certo, como dizia um amigo dela: “Acontece que ele não deve ter mais ninguém pra ficar e decidiu te procurar.” Surda como toda iludida, isso não soou como nada aos ouvidos dela. Algo dizia a ela que ele só queria saber se alguém no mundo ainda lembrava-se dele, com um ar de crueldade ele confessou sua saudade e sem mais pensar a beijou. Ela como uma completa idiota, deixou. E o que levou meses pra ser esquecido e desconstruído da sua cabeça, em apenas dias, voltou à tona como um furacão, acompanhado por um tsunami de saudade e como sempre junto com aqueles tais sentimentos chamados: confusão e revolta. Ela se revoltou, em sua razão. Porque já havia um tempo que ela não o procurava mais e nem se importava mais com ele, esporadicamente lembrava-se de sua existência. E ele com uma coisa que só pode ser explicado como crueldade, nem se importou se ela ficaria bem ou não. Sem entender porque ele fez isso do nada, ela voltou a ser a pessoa mais confusa do mundo. De novo e mais uma vez. Isso sim é confusão.

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